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quinta-feira, julho 07, 2016

I miss you too (and now?...)



Transpiração. Nada de exsudação ou simples transpirar… transpiração! Exalado lentamente, dito; como se uma ordem fosse (ouve), como se quisesse senti-la, cheirá-la, saborear cada salgada gotícula dos seus poros. Um gosto que se misturava, desaparecia e voltava a intensificar-se a todo um novo centímetro do seu corpo. Ela encostava-se contra cada uma das paredes do duche, rodando o seu corpo e arqueava-se, para que nenhum ângulo fosse omitido, toda a sua sensualidade fosse retida na mente dele e reservada em cada uma das mais apaixonadas memórias a que se pudesse permitir.

Transpira...

(continua...)

quarta-feira, janeiro 30, 2013

Cure



Cabeça redopia. Sangue que ferve. Suores que iludem os poros entre esquivas temperaturas sinusoidais. Os sons desvanecem e as pálpebras pesam cinquenta almudes. Aqui e ali reflexos de aranhas de fios alienígenas, obscuros tentáculos de dimensões fantasiosas e sons de gargarejos enfadonhamente nojentos.

O mais infernal ritmo vocal de toada sem nexo contagia os neurónios sedentos de descanso. Atingiu-se o pico. A partir daqui será a descer... ou abrandar, pelo menos.

domingo, abril 15, 2012

Em tempos havia os torneios... outra vez!!

Porque eu próprio preciso de lembrar-me - de vez em quando - desta história que escrevi há anos!




Santos da casa não fazem milagres ou...
em tempos, havia os torneios.


— Mestre, preciso falar-lhe - pediu humildemente o aprendiz, receando utilizar o precioso tempo do seu mentor. Ele sabia que a resposta seria muito provavelmente positiva, e a forma do pedido nada tinha de subserviência, mas revelava-se de um profundo respeito e reconhecimento.
— Sim meu rapaz, entra! - o velho olhou-o de alto a baixo, estranhando o seu nervosismo. - Conta! O que te traz por cá?
— Grande Mestre, estou confuso!...
— Acalma-te e... - fez uma pausa apontando para a única cadeira que havia do outrolado da sua velha secretária repleta de livros. - Senta-te! O rapaz respirou fundo.
— O que te confunde?
— As pessoas... - o velho olhou-o por cima dos óculos. -... as suas acções e reacções. - Acrescentou prontamente.
— Podes dar-me mais pormenores?
— O Mestre sabe como tenho tentado esmerar-me no trabalho que me confiou...
— Sim. E a propósito, como vão as coisas na estalagem? E o teu trabalho como preparador dos cavalos dos torneios? 
— Pois... os visitantes e os donos dos cavalos parecem dar muito mais importância aos bobos e aos saltimbancos do que àquilo que digo sobre como devem subir as estribeiras ou, noutros casos, porque as devem trocar.
— Mas, já alguma coisa aconteceu por não seguirem o que indicavas?
— Sim... - abanou afirmativamente com a cabeça. - De certa forma. Alguns dos donos dos cavalos trocaram de fabricante de sela. Mais propriamente para aquele correeiro que eu tenho dito fazer as selas do melhor e mais fiável couro.
— Trocaram?!... Mas, isso é óptimo meu rapaz!
— Nem por isso. - disse, decepcionado. - Esses são aqueles que nem sequer falam comigo e duvido mesmo que a minha mensagem lhes tenha chegado através dos seus pajens.O velho levantou o sobrolho à espera que o rapaz completasse.
— Eles próprios devem ter chegado a essa conclusão quando faziam torneios em terras distantes. Aí parece que dão muito mais importância a pessoas com as minhas funções. - concluiu.
— Há aí uma diferença...
— Mas, Mestre, o que mais me magoa é ouvir alguns comentários directos ao meu trabalho, culpando-me quando um cavalo não dá o rendimento que deveria ou morre em plena prova... - O velho ouvia-o com atenção. - Confesso que, de tudo o que me ensinou, a matéria sobre a qual ainda tenho alguma dificuldade é a mente... o espírito humano.O velho levantou-se e rodou sobre si próprio.
— Olha à tua volta! - disse, abanando com a bengala no ar. - Diz-me um único livro daqui que não tenhas desfolhado pelo menos uma vez!... Meu jovem, sabes tanto sobre tanta coisa e aquilo que mais te apoquenta são as opiniões dos outros. Mas isso é bom... - Voltou-se e, apoiado na bengala, balançou o indicador em direcção ao rapaz. - ...isso revela que te interessas, que há algo no interior de ti que gostaria de fazer ver a essas pessoas o quão erradas estão. Oh, a justiça... a injustiça!... - O rapaz abanou afirmativamente com a cabeça e um sorriso começou a desenhar-se no seu rosto. O Mestre estava a perceber.
— Pois escuta o que te digo! - aproximou-se e olhou-o nos olhos. - Não é fácil!
— Será uma cruzada inglória?
— Sim, talvez. Mas, isso não quer dizer que estejas errado ao tentar. Nunca penses ue o teu esforço é em vão, só por alguns comentários ou acções menos favoráveis.O espírito humano é demasiado complicado para concluíres que tudo tem a ver com o teu trabalho. - Aproximou-se do rapaz, agarrou-lhe os ombros e, sem esforço, levantou-o. - De uma coisa podes ter a certeza, por cada um que não te ouve há dez a quererem ouvir-te.O velho acompanhou-o à porta e acrescentou:
— Não é fácil mudar o pensamento humano do dia para a noite. Aquilo que tu sentes,outros antes de ti também sentiram... e acredita que mais sentirão. Por uma razão ou por outra, haverá sempre quem não compreenda o que estamos a fazer. Levar uma sopa quente ao leito do nosso moribundo vizinho, que antes nos roubava os ovos, pode parecer tão absurdo como profundamente generoso. Tudo isso faz parte de algo que uns compreenderão, outros aprenderão a compreender, mas outros jamais alcançarão. Mas, se juntares os que compreendem aos que têm vontade de aprender, verás que tens muita gente por quem valha a pena continuar.O velho sorriu-lhe e o olhar do jovem brilhou. A esperança tinha voltado. A forma estranha como algumas mentalidades faziam rimar senso comum com fundamentalismo deveria ser confrontada em vez de ignorada. Porque isso faria parte da grande Obra; além de consciencializar a diferença entre ignorância, estupidez e incompetência.

terça-feira, novembro 01, 2011

Lençóis de Cetim II


LENÇÓIS DE CETIM - II

PRÓLOGO
Pensar em ti passou a ser o meu passatempo preferido. Sonhava estar contigo nos meus lençóis de cetim, onde sempre gostei de sentir o misto do frio e a estática que o tecido passava ao corpo. Havia momentos em que esperava o escuro da noite cair sobre o meu desejo e imaginava-te ao meu lado, juntos, emaranhados naquele cinzento prata que me electrizava a pele e me apurava os sentidos. Talvez fosse uma droga. Um desejo de libertação de adrenalina que me levava a um corrupio de sensações. Aquelas mesmas que tinha cada vez que me aproximava realmente de ti. Um sonho que tão depressa parecia materializar-se, como logo depois desaparecia entre risadas, um encolher de ombros e um desconcertante e enigmático “até logo”…


CAPÍTULO I
– Até logo. – Respondia-te, perplexo pelo beijo maternal meio de fugida e pela cabeça que rodopiava parecendo querer apanhar os teus próprios olhos, que nem por um instante se fixavam nos meus.

Saía. Dava por mim a contar as pedras da calçada e a olhar para relógio que julgava inerte. Ninguém me conseguia convencer que aqueles ponteiros efectivamente andavam... Colocava os meus auscultadores, o mp3 com a música que tanto gostávamos e brindava a minha mente com quimeras de desejo; imagens de amor, paixão e luxuria.

Misturado na multidão da cidade tropeçava frequentemente em sorrisos. O mesmo tipo de sorriso que me prendia a este mundo, era a minha panaceia e me fazia recordar da única mulher que, alguma vez, realmente amei. Aí perdia-me. Enredava-me em pensamentos tão loucos que fariam qualquer um ser internado por insanidade. Uma alienação mental que me levava para além da minha própria noção de amor, tornando-se naquela dor profunda, impossível de descrever, que nos corrói o espírito e nos apoquenta a alma. Sofria por tanto te amar e consumia-me em tentativas de interpretar todos e cada um dos teus gestos sempre que timidamente manifestava querer ter-te por companheira, mulher, amante.

As bordas de uma chávena de café substituiram por momentos os teus lábios. Quente, húmido... com aroma e sabor. Fechei os olhos e imaginei-te em toda a tua beleza; a alma que tanto admirava e o corpo que - qual deusa - me fazias ardentemente desejar...

sexta-feira, junho 03, 2011

Há-de haver um dia


Por vezes pergunto-me o que há para viver. Vezes sem conta sai-me sempre a mesma resposta... nada que eu não tenha ouvido. Nisto, como em tudo o mais, nem é preciso reinventar. Aliás, há muito pouco realmente novo nesta existência a que resolvemos chamar vida... Há tão pouco que vale a pena, que parece que ela - a vida - passa sem darmos conta; Como quem sai de casa, fecha a porta e, depois de andar alguns quarteirões, começa a pensar se colocou mesmo a chave e a rodou na fechadura. Por tão rotineiro... nem damos por ela.

Quero cometer um crime e matar a rotina. Matá-la! Ou pelo menos dar-lhe uma sarrafada tão grande que a coloque inconsciente por momentos, ou - melhor ainda - com o desejo de repetir.

Sonhos, pensamentos que se cruzam e se misturam para me dizer que é possível, que pode ser feito, que deve ser feito. Mesmo que eu saiba que não será uma solução definitiva, pelo menos sei que será aquela que eu quero e isso basta-me. Deveria bastar-me. Não um "bastante" de conformismo feito. Recuso resignar-me a estereótipos, velhos clichés, ou voltaríamos ao mesmo. Nada disso! Apenas algo que valha a pena. Que quebre com a rotina, que seja arrojado, que faça o sangue ferver e salte para fora, para lá da prática constante do dia-a-dia.

Os hábitos existem..., até um dia. Um dia qualquer. Até àquele dia! E pode ser que esse dia seja já amanhã!

segunda-feira, dezembro 06, 2010

Lençóis de Cetim



Pensar em ti passou a ser o meu passatempo preferido. Sonhava estar contigo nos meus lençóis de cetim, onde sempre gostei de sentir o misto do frio e a estática que o tecido passava ao corpo. Havia momentos em que esperava o escuro da noite cair sobre o meu desejo e imaginava-te ao meu lado, juntos, emaranhados naquele cinzento prata que me electrizava a pele e me apurava os sentidos. Talvez fosse uma droga. Um desejo de libertação de adrenalina que me levava a um corrupio de sensações. Aquelas mesmas que tinha cada vez que me aproximava realmente de ti. Um sonho que tão depressa parecia materializar-se, como logo depois desaparecia entre risadas, um encolher de ombros e um desconcertante e enigmático “até logo”…

sábado, agosto 21, 2010

Tarefas ingratas



Um olhar sobre o meu novo Romance*

Amar-te era uma tarefa de uma só pessoa. Minha. Tinha de amar-te pelos dois. Era frustrante. Infalivelmente inútil tentar fazer-te ver o quanto estavas errada. Não admitias. Sei que o tempo poderia ter dito muito mais que as lágrimas que por vezes – e em segredo – teimavam em inundar-me os olhos, mas era mais fácil chorar. Conformar-me. Resignar-me com o que se estava a passar. Várias vezes, numa tentativa – vã, diga-se – de amenizar os acontecimentos, fechava os olhos. Queria apenas sentir o vento na minha cara. Mas, eram dedos gélidos que percorriam e cortavam o meu corpo, em vez de uma leve brisa que me acariciasse a face. Essa era a desgraçada força das tuas infaustas palavras. 


Não tem título definitivo. Aceitam-se sugestões :)

*«Ainda não terminaste o primeiro e já estás a escrever outro?!?»
Muito provavelmente... este será o primeiro. O outro está a ficar muito loooooongo ;)

quinta-feira, agosto 05, 2010

Levantando uma pontinha do véu...

Após alguns pedidos, aqui vai a premissa do meu actual Romance


E se você estivesse unido àqueles que ama
mais do que realmente pensa?

A **** ** ********* é uma viagem pelos meandros das ciências, segredos da mente e confins da matéria. Para alguns poderá ser uma revelação de «quês» e «porquês» de certos pormenores da sua vida ou de muitas questões para as quais sempre procuraram uma resposta. Para outros, um completo novo mundo de novos mistérios. Para todos, uma fascinante e incondicional história de amor.

Espero que gostem...

sexta-feira, abril 16, 2010

Sonhar


A criança olhou o velho Pai. Estava contemplativo e sentado, há horas, no alto do monte, naquela mesma pedra fria. A jovem criança decidiu subir a encosta e sentou-se silenciosa a seu lado. Olhou também o crepúsculo, um pouco acima do horizonte, onde as primeiras estrelas começavam a despontar, e perguntou:
"Pai. Que tamanho tem o Universo?"
O velho sorriu e, mantendo o seu olhar no infinito, respondeu:
"O Universo tem o tamanho do teu mundo."
"E... que tamanho tem o meu mundo?" - indagou, perplexa.
O homem voltou-se e afagou a cabeça da criança com a mão. Olhou-a nos olhos e colocando os dedos sob o jovem queixo, disse:
"Tem o tamanho dos teus sonhos!"
Ajeitou-se na pedra e voltou a fixar o olhar.
"Sabes, se os teus sonhos são pequenos, tua visão será pequena, as tuas metas serão limitadas, e os teus alvos serão diminutos, a estrada que caminharás será cruelmente estreita e a capacidade de suportar as tormentas será excessivamente frágil. Os teus sonhos regam a existência com espírito, o seu sentido terá alma; a tua alma, em tudo aquilo que desejas conseguir. Se os teus sonhos são frágeis, a tua existência será débil, as tuas primaveras serão outonos e as tuas manhãs serão negras. Os teus romances não terão emoção.
Essas visões transformam-te de dentro para fora, ao contrário de todos aqueles que, erradamente, tentarão tranformar-te de fora para dentro. O sonho faz brotar o júbilo e traz rejuvenescido valor para a vida. Se te disserem o contrário, não acredites, porque construir a bela fantasia só te cria novas oportunidades e torna-te autor da tua própria história. No fundo, serás e terás tudo aquilo com que sonhares.
Esse é o tamanho do teu mundo, esse é o tamanho do teu universo."
A criança sorriu e descansou a cabeça no colo do Pai. O velho abraçou-a e beijou-lhe a nuca. Levantaram-se e começaram a descer a colina.
"Pai. De que tamanho é o teu mundo?"
"O meu mundo, vai daqui..." - rodou o braço esquerdo em redor do seu tronco.
"...até aqui" - e abraçou a filha com o braço direito. "E abrange tudo em redor." - Completou, sorrindo-lhe.
"Então eu faço parte do teu mundo, Pai?! Dos teus sonhos..."
"Sim. E és o mais belo de todos eles!" - Apertou-a mais junto de si.
"Pai!"
"Sim?"
"Sabes, eu tenho muitos sonhos!..."
"Isso é bom filha!"
"E tu também fazes parte deles!" - E estendeu o seu braço esquerdo o máximo que conseguia, em redor do seu Pai.
"Isso é Muito bom, filha!" - Uma lágrima de felicidade teimou em brilhar nos seus olhos. - "Isso é muito bom!"

sábado, setembro 19, 2009

Conto: A Lupa do Alquimista
Prólogo: A Mensagem



Prólogo
A mensagem

Enquanto caía sobre as suas costas, olhou o homem no alto da colina com um manto escuro, um capuz e agarrando um cajado. O seu rosto, a noite não deixava definir. Continuou a cair, rebolou e agarrou-se a coisa nenhuma. Um grito profundo saiu da sua garganta, enquanto era arrastado para longe. Entre a colina à sua esquerda e um muro de pedra granítica à sua direita, tentou desesperadamente ver quem o arrastava e libertar-se... nada, ninguém e no entanto o seu corpo era forçado, rojado pelo chão de terra e pressionado contra o granito.

Alguns murmuros que pareciam vozes moldadas num som sibilante era tudo o que podia ouvir e três vultos em forma grosseira de gente era o que conseguia ver. Olhou e, sem sucesso, voltou a tentar fixar as formas e agarrar-se a algo.

"Vai... vai... entras e conse... conseguirás...liber.. tar"

Pareceu ouvir do homem no alto do monte. Voltou a gritar num misto de dor e tentativa de articular palavras de ajuda, enquanto o seu corpo era novamente pressionado e arremessado contra o muro de pedra. Mal conseguia respirar. E aquela voz parecia agora trovejar e ecoar dentro do seu cérebro.

"Conta... só contigo... perce... perceberás... ao encontrar o décimo primeiro livro na nona... na nona estante"

"Estante? Que estante?" - Perguntou para si mesmo. A dor quase o impedia de raciocinar.

"Só tu... poderás... libertar." - Ouviu dentro da sua cabeça, mas com a certeza de que tinha origem no homem do monte. - "Segue... o teu caminho... o teu... destino e saberás... encontrar-me"

Gritou. Gritou com horror, como se a sua alma estivesse a ser irremediavelmente sugada por aquelas criaturas.

Gritou e num só movimento ergueu-se na cama. Os seus olhos abriram-se e dir-se-ia imóvel não fosse a sua respiração ofegante e o suor que lhe escorria pelo rosto. Respirou fundo e piscou os olhos. Levou algum tempo até perceber que tudo havia sido um sonho, um pesadelo. Olhou a luz da Lua que entrava pela janela, tocando o envelhecido soalho do quarto e pensou: "Estante? Que estante?..."

Sentou-se na beira da cama. Esfregou o seu braço direito e sentiu como lhe doía. Talvez fosse da posição em que dormira, pensou. Estava dorido e com a ainda pouca luz natural da aurora conseguiu reparar como estava estranha e anormalmente vermelho.

sexta-feira, agosto 28, 2009

Teasing


- Ahhhhh!... "auguinha" da Serra da Estrela. - Pausei enquanto olhava para o copo já vazio da minha água preferida. - A seguir a fazer amor contigo, o que eu gosto mais é de um copinho de "auguinha" fresquinha da Serra da Estrela. Ideal seria, fazer amor contigo enquanto bebia um copinho de "auguinha" fresquinha da Serra da Estrela.
- Nem penses. - retorquiu ela.
- Quer dizer que nem com um copo de água me queres partilhar?!
- Nada disso. Ou bem que se faz amor ou bem que se bebe água.
- Então e se incluir um cubinho de gelo passando pelos mamilos?... - Sorri, levantei as pálpebras e completei. - E eu dava beijinhos e não deixava apanhares frio...
- Não!
- Mas... os cubinhos eram com "auguinha" fresquinha da Serra da Estrela...
- Não!!
- Já entendi. Pronto!
Olhei novamente o copo. Vi a sua face, enquanto ela tentava ignorar a minha presença à mesa de jantar e o sentido da conversa. Lancei o meu último trunfo.
- Então e se substituir os cubinhos de gelo por chantilly?...
- Queres parar?!?
- Eu não... mas, vou ter de..., né? Já não se pode ser romântico, lançar um pouco de fantasia sobre uma relação... Ok. Vou ficar aqui quietinho à espera que te passe a TPM ou pós TPM ou lá o que isso é!
- Não é nada disso!
- Não. Sentido de humor é que não é, com certeza!
Levantei-me e fui beber mais um copinho de "auguinha" fresquinha da Serra da Estrela.

Nota: Este post não está de forma alguma, directa ou inderectamente patrocinado pela "auguinha" fresquinha da Serra da Estrela.

quarta-feira, julho 29, 2009

Conversas de café #1


Ela: Olá. O que estás a beber?
Eu: Água tónica com gelo e limão. Nada melhor para matar a sede e apaziguar o espírito...
(silêncio à medida que ela se sentava e, gesticulando, pedia a mesma bebida)
Eu: Então?... Não ias a qualquer lado com o teu marido hoje!?
Ela: Ia!...
(esperei que completasse)
Ela: ...Mas, acho que há um jogo qualquer "importante", e ele prefere ficar em casa. Não sei o que é que se passa com os homens e o futebol. Até parece que não há mais nada no mundo.
(Olhou-me e disparou a pergunta)
Ela: Tu deixavas a tua mulher para ires ver um jogo de futebol?
Eu: Não. Não acho que o futebol seja mais importante que uma relação. Em qualquer circunstância. Além disso, a Vida está tão cara que acho que há outras, tantas mais coisas em que se pode e deve gastar o dinheiro.
(ergui o copo e completei)
Eu: Nem que seja numa bela duma tónica...
Ela: E tantas águas-tónica que poderias beber....
Eu: Pois!
Ela: Mas, isso dizes tu, porque que não gostas de futebol. A gostares, ia ver o que farias...

terça-feira, julho 21, 2009

Sedento


Sozinho. Corro a janela e deixo o fresco da noite entrar. É tarde. Não há movimento na rua e as poucas janelas abertas começaram já a ficar sem luz. Ao longe, um risco iluminado, que contorna a outra margem, começa a desaparecer sob a neblina que abraça a noite. Está frio e é tarde. Sopra calmo o vento, mas os gélidos dedos da brisa nocturna chegam até aos meus braços e eu massajo a pele eriçada.

Há algo que quero sentir. Inspiro, profundamente. O ar chega ainda frio aos meus pulmões e sinto-me arrefecer por dentro. Passo as mãos pela cara e, estranhamente, transpiro. Enxugo-as uma na outra e volto a inspirar, lentamente. Debruço-me na janela e fito novamente o horizonte. Tento focar, à medida que os meus olhos separam individualmente cada uma das luzes que cintilam lá longe. Está a arrefecer...

Há aqui algo que tenho de sentir. Mas, está tanto frio. Endireito-me e novamente massajo os braços nus. Sei que queria abri-los e abraçar. Mas estou só, e o som da TV atrás de mim, num canal que só eu vejo, apenas me lembra isso. Mais uma... e outra janela deixaram de ser iluminadas. A cidade adormece. É tarde. Olho o céu e não vejo uma única estrela. A neblina adensa-se. E, cada vez está mais frio.

Preciso de sentir. Eu sei, estás longe, mas eu preciso sentir-te; seja no ar gélido que me chega à pele, nas luzes que parecem brilhar ao longe ou na brisa que faz roçar as folhas daquelas árvores. Preciso sentir-te!... A cidade adormeceu. Eu estou acordado e procuro-te. Fixo o céu um pouco acima da linha do horizonte e sorrio. Vejo-te aqui. Inspiro, e é calor que agora me chega aos pulmões. Lentamente cruzo os braços frente ao meu peito e abraço-te.

Agora sinto, vem. Toca-me. Eu vou deixar a janela aberta...

quinta-feira, julho 16, 2009

Vai uma saladinha de atum?


Ele: O que queres que faça para o jantar?
Ela: Mmmm, não sei. Faz qualquer coisa.
Visita: (sorrindo) Oh! O quanto eu gostava de um marido que fizesse o jantar!...

E o jantar foi salada de atum. Que é rápida, fácil e leve. :)
(Qualquer um consegue fazer, não!?)

sábado, julho 11, 2009

Culpas e desculpas...


Ensaio sobre a desculpa da culpa

A conversa já ia longa...
(...)
Ela: Tu nunca queres saber de o que eu digo.
Ele: Eu quero saber do que tu dizes e o que pensas, se não não estaria a ter esta conversa contigo.
Ela: Tu já não me amas é o que é...
Ele: Mais uma vez.. estou a tentar ter uma conversa con-ti-go, para quê?... Eu quero é mudar esta situação que se arrasta há tanto tempo. Isto não era assim. Nós amávamos-nos...
Ela: Mas eu amo-te. É contigo que eu quero estar. És o homem da minha vida.
Ele: Estranha forma de amar essa; Chego perto e dizes para me afastar. Durante os últimos três meses arranjaste sempre uma desculpa para não fazermos amor. Eu não faço exigências, mas tens de concordar que é difícil amar uma mulher e ficarmos-nos pela metade.
Ela: Eu sei...
Ele: Não sou o tipo de homem para ir para cafés ou procurar sexo fora de casa. Só consigo amar uma pessoa de cada vez. E não consigo fazer amor com quem não amo. Porque "fazer sexo" é uma associação de palavras para a qual não encontro significado no meu vocabulário... nem nas minhas emoções ou acções. Mas é a ti que quero continuar a amar... e ser amado também.
Ela: Mas eu não posso estar sempre pronta para ti...
Ele: Sempre?!... Achas que esperar três meses antes de ter uma conversa destas é querer "sempre"?
Ela: Não...
Ele: Então... podes explicar-me?

sexta-feira, julho 10, 2009

The girl next door


Isto é esquisito. Estranho e esquisito. Caminhava na rua e avistei ao longe uma moça. Cabelos frisados, morena, bonita... e trocamos olhares à medida que nos íamos aproximando. Uma, duas... outra e outra vez. Ao nos cruzarmos, aquele sorriso que já existia tornou o seu rosto ainda mais belo. E eu, timidamente, sorri de volta.

Não sei quem é. Provavelmente até nos conheceremos...

Só que, isto acontece sempre que vejo cabelos frisados: fico mudo, acanhado e completamente intimidado. Ou não consigo relacionar o rosto com o prévio conhecimento ou receio estar a ser demasiado impulsivo, intrometido e inconveniente para ser... simplesmente simpático!? Bolas! Que mal fará dizer um "Olá!"...?

Desculpa lá Katie, mas tu és quem tem os cabelos mais próximo desta minha obsessão.

domingo, julho 05, 2009

CONTO: Sonho de uma manhã de Verão



Sonho de Uma Manhã de Verão
.


Nu. O corpo dele estendido na cama servia de pouso aos primeiros raios de sol. De olhos ainda fechados lançou o braço para o outro lado da cama, só para encontrar um lugar vazio e já frio. Abriu a custo as pálpebras e levantou-se ainda ensonado. Cambaleando, deixou-se guiar pelo olfacto até à cozinha onde o cheiro a café e torradas enchiam o ar matinal.

Abeirou-se da porta e observou-a de costas junto à bancada: como ele, também ela nada tinha a cobrir-lhe o corpo. As suas passadas comprometiam o seu pensamento. Endireitou-se e acertou o passo. Rápido, como a sua própria urgência, encostou o seu corpo nu ao dela e cruzou-lhe os braços no baixo ventre, enquanto os lábios lhe tocaram demorada e lentamente a base da nuca. Ela tremeu. Um arrepio incontrolável, um suspiro vadio feito de surpresa e envolto em desejo. Lentamente rodou-a, sem que os seus corpos descolassem. Sentiram cada centímetro da sua pele numa apaixonada fricção. Os dois olhares encontraram-se e os seus sorrisos soltaram-se numa silenciosa gargalhada que fazia estremecer os corpos. Ela, nos bicos dos pés e sem dificuldade, desafiadora, deu-lhe um beijo rápido e seco. Ele sorriu-lhe e fechou demoradamente os olhos, inclinando para trás a cabeça. Pouco depois, sentiu os lábios dela contra o seu peito, em repetidos e pequenos beijos, e a sua língua provocando as suas zonas erógenas.

Olhou para baixo. Segurou-lhe delicadamente a cabeça entre as mãos e, carinhosamente, beijou-lhe a testa. Ela parou e trocaram cumplicidades no olhar. Lentamente, os seus lábios uniram-se. Uma, duas vezes... até as bocas se fundirem e as suas línguas se encontrarem numa húmida e confusa dança. Ele sussurrou-lhe ao ouvido: "Desejo-te." - E sugou-lhe discretamente o lóbulo.

A respiração acelerou. As mãos subiam e desciam pelos corpos, acompanhando o bailar das línguas e das cabeças que se opunham e inclinavam repetidamente. O olhar dele percorreu a cozinha e, com ligeireza, fez desaparecer a fruteira de cima da mesa. Sentou-a numa extremidade e puxou-a para si. Sentiu-a..., mas não avançou. Empurrou-lhe o corpo para trás ao mesmo tempo que lhe amparava as costas com uma mão, enquanto a ia beijando cada vez mais para baixo. Demorou-se no interior das suas coxas e os pés dela descansaram nos seus ombros. Ela arqueou as costas e pousou as mãos na sua cabeça, emaranhando os seus dedos longos e finos nos cabelos, ao mesmo tempo que o seu quadris iniciava um movimento rítmico e descoordenado com a boca que a beijava. Subitamente, lançou os braços para o lado e apertou com força a borda da mesa. O seu corpo descreveu um arco impossível e um gemido junto com um pedido ecoou, sílaba a sílaba, num forte suspiro – "Que...ro...-teee a...go...raaaa!"

Desajeitadamente, ela puxou-o em frenesim. Ele levantou-se. Uniu-lhe as pernas ao alto e aproximando-se, penetrou-a... vagarosamente. Sentiram cada momento, enquanto os seus corpos se fundiam num delicado movimento contínuo. Os braços dele abriram ao acompanhar as suas pernas. Libertou-lhe os tornozelos, descendo os dedos até junto ao seu prazer e depois subiu, torneando-lhe a cintura. Uniu os polegares perto do umbigo e puxou-a mais... e mais. Depois, deitou o seu tronco sobre o dela e fitou-a profundamente como se lhe perscrutasse a alma. Reparou como os seus olhos haviam ficado mais claros e a sua pele se tinha tornado túrgida. As suas mãos procuraram-se e os dedos entrelaçaram-se firmes e suavemente. Beijou-a enquanto a pele dos seus corpos colava e descolava do peito ao baixo ventre numa ondulante agitação. Ela lançou-lhe as mãos para as nádegas e puxou-o mais para si. Depois libertou-o... e voltou a querer mais daquele vai-e-vem.

Naquele instante tudo teria de provar a sua existência. O que era a Vida. O que era a Morte. Ali, vivia-se e morria-se a cada milésimo de segundo, a cada eternidade que experimentavam. Ali, nada mais existia. Morria-se e vivia-se, novamente. Confusos, os seus corpos explodiam num turbilhão de sensações. Arrepios, calafrios e espasmos, secundados por um grito de prazer em uníssono, quase silencioso... ... ...
Depois, enquanto os seus corações ainda batiam acelerados, ele olhou-a e murmurou carinhosamente: "Amo-te!", beijando-lhe os lábios secos e ofegantes. Ela devolveu-lhe o mesmo olhar, ainda a tentar apanhar o ritmo da respiração: "Também te amo!". E à medida que os seus sorrisos se tornavam mais rasgados, ambos articularam: "Muito!". E os seus coniventes risos coroaram o esplendor daquela manhã.

© JdM

domingo, junho 28, 2009

CONTO: Santos da casa não fazem milagres ou...
Em tempos, havia os torneios.

Este é um pequeno conto que escrevi há alguns anos..., por volta de 1987 se não estou errado. Despejá-lo para este post tem não só a ver com o facto da sua patente actualidade, como um incentivo que quero dar a mim próprio para me dedicar mais à escrita. Pode ser que, além dos livros técnicos, qualquer dia teremos uma obra minha no campo da ficção... ;-)

Esta história passa-se por volta do século XIII e porta uma ambígua mensagem... bem, mas isso vou deixar à vossa análise. :)



James Wassermann's: Santos da Casa Não Fazem Milagres