Prólogo
A mensagem
Enquanto caía sobre as suas costas, olhou o homem no alto da colina com um manto escuro, um capuz e agarrando um cajado. O seu rosto, a noite não deixava definir. Continuou a cair, rebolou e agarrou-se a coisa nenhuma. Um grito profundo saiu da sua garganta, enquanto era arrastado para longe. Entre a colina à sua esquerda e um muro de pedra granítica à sua direita, tentou desesperadamente ver quem o arrastava e libertar-se... nada, ninguém e no entanto o seu corpo era forçado, rojado pelo chão de terra e pressionado contra o granito.
Alguns murmuros que pareciam vozes moldadas num som sibilante era tudo o que podia ouvir e três vultos em forma grosseira de gente era o que conseguia ver. Olhou e, sem sucesso, voltou a tentar fixar as formas e agarrar-se a algo.
"Vai... vai... entras e conse... conseguirás...liber.. tar"
Pareceu ouvir do homem no alto do monte. Voltou a gritar num misto de dor e tentativa de articular palavras de ajuda, enquanto o seu corpo era novamente pressionado e arremessado contra o muro de pedra. Mal conseguia respirar. E aquela voz parecia agora trovejar e ecoar dentro do seu cérebro.
"Conta... só contigo... perce... perceberás... ao encontrar o décimo primeiro livro na nona... na nona estante"
"Estante? Que estante?" - Perguntou para si mesmo. A dor quase o impedia de raciocinar.
"Só tu... poderás... libertar." - Ouviu dentro da sua cabeça, mas com a certeza de que tinha origem no homem do monte. - "Segue... o teu caminho... o teu... destino e saberás... encontrar-me"
Gritou. Gritou com horror, como se a sua alma estivesse a ser irremediavelmente sugada por aquelas criaturas.
Gritou e num só movimento ergueu-se na cama. Os seus olhos abriram-se e dir-se-ia imóvel não fosse a sua respiração ofegante e o suor que lhe escorria pelo rosto. Respirou fundo e piscou os olhos. Levou algum tempo até perceber que tudo havia sido um sonho, um pesadelo. Olhou a luz da Lua que entrava pela janela, tocando o envelhecido soalho do quarto e pensou: "Estante? Que estante?..."
Sentou-se na beira da cama. Esfregou o seu braço direito e sentiu como lhe doía. Talvez fosse da posição em que dormira, pensou. Estava dorido e com a ainda pouca luz natural da aurora conseguiu reparar como estava estranha e anormalmente vermelho.
5 comentários:
gostei muito, que intrigante! fico à espera dos próximos capítulos :)
Myosotis,
achas mesmo que tem potencial...
:)***
Claro que sim :)
Nem sempre os sonhos são meros sonhos, em que ao acordar se depara com uma realidade completamente contrária. Muitas vezes os sonhos são passagens que acontecem, sejam elas boas ou más. Outras vezes, os sonhos são preciosos avisos!
Gostei bastante!
red-woman
Ainda bem que gostaste, pois esse é o preâmbulo para o meu primeiro livro. ;)
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