segunda-feira, outubro 26, 2009

Ainda a Igreja... e Galileu


"E pur si muove"
(Célebre frase que terá sido dita "entre-dentes" por Galileu
após proferir as palavras abaixo.
Imagem: Sistema heliocêntrico segundo Copérnico - Mosteiro dos Jerónimos)

A propósito da homenagem do Vaticano a Galileu

- Sabes que o Vaticano vai promover uma homenagem a Galileu, com uma exposição?!
- A propósito de?...
- Ano Internacional da Astronomia.
- Ah! Então não é por iniciativa própria...
- Claro que não, se não não teriam uma desculpa e seria admitir de forma muito expressa o que fizeram a Galileu e ao resto do Mundo.
- Ao resto do Mundo?!
- Sim. Já viste que atrasaram em largas centenas de anos o avanço científico?!
- Sim. Visto dessa maneira...


Galileu foi forçado a renunciar às suas extraordinárias descobertas no dia 22 de Junho de 1633. Nesse dia, de joelhos, Galileu proferiu as seguintes palavras perante o tribunal (Inquisição):

"Eu, Galileu, filho do falecido Vincenzio Galilei, (...) depois de me ter sido legalmente feita por este Santo Ofício uma injunção no sentido de que deveria abandonar por completo a falsa opinião de que o Sol é o centro do Mundo e imóvel, e de que a Terra não é o centro do Mundo e se move (...) juro que de futuro nunca mais voltarei a dizer ou a afirmar verbalmente ou por escrito alguma coisa capaz de causar similar suspeita contra mim."

Só em 1992 o Vaticano viria a retratar-se sobre o seu erro, quando o Papa João Paulo II qualificou o processo de Galileu como um erro resultante de uma "trágica incompreensão mútua". Sobre esta exposição, o arcebispo Gianfranco Ravasi, responsável máximo do Vaticano pela cultura, declarou que esta é uma ocasião para mostrar a capacidade da Igreja em reconhecer os seus erros.

Gosto especialmente da parte "trágica incompreensão mútua"(?!). Mas, ver na mesma frase "mostrar a capacidade da Igreja em reconhecer os seus erros"... parece-me bem... lento! Quatrocentos anos depois!! E ainda há TANTOS (erros) mais para reconhecer!

Nota: Nicolau Copérnico já tinha lançado a hipótese heliocêntrica por volta de 1543. Contudo, dizia que era "apenas para facilitar os cálculos matemáticos e que não tinha correspondência com a realidade".

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