segunda-feira, junho 29, 2009

Rígidas carapaças e armaduras voláteis

Percebi bem antes das aulas de Psicologia o quanto as pessoas podem aparentar aquilo que na realidade não são.

No liceu, nas aulas práticas de electrotecnia, lembro-me de um colega que, embora respingão e dado a outras práticas menos recomendadas de convivência (tinha a alcunha de "Tubarão"), tremia que nem varas verdes e chegou mesmo a chorar - de nervosismo - quando lhe foi pedido para terminar a ligação de um circuito eléctrico simples num quadro de testes. Como eram quadros de madeira sem identificação, aproveitei o professor estar deambulando pela sala, para trocar o do "Tubarão" com o meu que tinha acabado há muito.

Episódio idêntico sucedeu na recruta da MGP. Na aula de armamento, tínhamos de desmontar e voltar a montar uma pistola (acho que era uma Walther semi-automática). O camarada que estava ao meu lado olhava para as várias peças que tinha conseguido desmontar, mas que não fazia ideia como começar para voltar a montá-las. Coloquei a minha à frente dele ele e terminei o seu trabalho. Mais tarde ele ajudar-me-ia a sair de uma situação complicada, quando numa aula do Capelão resolvi proferir uma - considerada - heresia.

Todos nós quebramos.... em algum momento. Os que aparentam ser fortes dissimulam fraquezas, e os que parecem débeis palermóides encontram geralmente forças para combater energicamente qualquer um ou qualquer coisa. Mas, o vigor tem de vir de algum lado!... Enquanto que a ruindade se pode manifestar por falta de amor, a bravura dos valentes encontra-se sedenta e alimenta-se desse mesmo valor a cada momento. Tanto, que será muito mais grave vislumbrar ou experienciar o seu lado negro quando a compreensão e tolerância chega ao limite e a paciência lhes falta.

Cuidado pois com esses. Porque pior do que uma patente e superficial armadura é a invisível carapaça interna que lhes confere uma inerente, implacável e imponente crueldade para com os facínoras. Não os queiram ver do avesso.

3 comentários:

Myosotis disse...

gostei especialmente dos 2 últimos parágrafos, mt bem ilustrados...e é tudo verdade!

LittleHelper disse...

Eu sei, Myosotis, eu sei...

:)

Anónimo disse...

É uma lição que devemos aprender nesta vida, "não acompanhes o "criminoso", pois as más companhias são como um mercado de peixe, acabamos por nos acostumar ao mau cheiro.Mas, não sejas seu inimigo".


red-woman