Há uns anos, quando vi o "Despertar da Mente" (Eternal Sunshine of the Spotless Mind) pela primeira vez, foi ao engano. O filme estava na secção comédia do clube de vídeo, e o actor principal era, com toda a certeza, o responsável pela imediata e incorrecta categorização. Tanto que, quando a entreguei, depois de uma inesperada e mesmo assim excelente experiência de visionamento, ainda surpreso e deliciado pela dramática história de Amor, disse: "Este filme pode estar debaixo de qualquer etiqueta, menos de comédia".
A recepcionista olhou-me incrédula de olhos esbugalhados, com aquele sorriso forçado e quase apostei que ela estava prestes a carregar no botão de pânico ou sacaria do taco de basebol e me acertaria em cheio na cabeça (ainda bem que não o fez porque esta massa cinzenta ainda me vai fazendo falta).
Ontem (hoje), quando perto das 2 da madrugada liguei a televisão (à espera que funcionasse como soporífero) vi-me rápida ainda que atabalhoadamente, às escuras, procurando pelo botão de gravação do telecomando. Em vão. Última cena. Mas tempo suficiente para reparar que a RTP tinha colocando uma bola vermelha no canto superior direito. Não, não é por cenas de violência física, nem sequer pornografia. Não é um filme de terror... bem, a não ser que para alguns o medo de perder alguém seja algo irremediável e terrível, ou se possa transformar numa chaga tão ou mais insarável que uma real ferida. A mim, esse tipo de terror – a existir – apenas me faz lembrar da mensagem principal: O Amor cura tudo!... ou, pelo menos, ajuda TAN-TO... quando é sentido a dois.
6 comentários:
Não consigo ver filmes com o Jim Carrey sem perder a paciência. Detesto-o.
Em jeito de confissão... tenho o dvd do filme mas nunca o vi. Depois do que escreves, vou fazer uma tentativa.
Se a tentativa for até ao fim... depois gostaria de trocar umas impressões. Já o vi há alguns anos, mas parece-me que retive o essencial.
Um dos filmes mais estranhos e diferentes de tudo o que já vi. Mas dá que pensar...pelo menos a mim dá-me vontade de apagar certas pessoas e certos episódios da minha mente.
Myosotis,
Também eu gostaria de apagar episódios e pessoas da minha mente. Mas, depois penso na metáfora "do que está por detrás da porta", e prefiro saber que ela está ali, fechada. Eliminá-la poderia fazer com que aparecesse noutro lado com outra identidade e eu não a reconhecesse...
Cair mais do que uma vez no mesmo erro começaria a parecer-se com uma palavra feia. Por isso, fiquem aí (erros) onde eu sei onde vocês estão, como ratoeiras das quais tenho de me desviar à medida que avanço no meu caminho.
Nunca tinha pensado sob esse ponto de vista, mas acho que tens toda a razão :)
Tenho "toda a razão"?!... bem, alguma... pouquinha... vá lá, nenhuma!(Sim. Influências do RAP)
Mas, não te fies no que eu digo (o que coloca aqui um belo de um paradoxo)! :)
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