terça-feira, novembro 01, 2011

Lençóis de Cetim II


LENÇÓIS DE CETIM - II

PRÓLOGO
Pensar em ti passou a ser o meu passatempo preferido. Sonhava estar contigo nos meus lençóis de cetim, onde sempre gostei de sentir o misto do frio e a estática que o tecido passava ao corpo. Havia momentos em que esperava o escuro da noite cair sobre o meu desejo e imaginava-te ao meu lado, juntos, emaranhados naquele cinzento prata que me electrizava a pele e me apurava os sentidos. Talvez fosse uma droga. Um desejo de libertação de adrenalina que me levava a um corrupio de sensações. Aquelas mesmas que tinha cada vez que me aproximava realmente de ti. Um sonho que tão depressa parecia materializar-se, como logo depois desaparecia entre risadas, um encolher de ombros e um desconcertante e enigmático “até logo”…


CAPÍTULO I
– Até logo. – Respondia-te, perplexo pelo beijo maternal meio de fugida e pela cabeça que rodopiava parecendo querer apanhar os teus próprios olhos, que nem por um instante se fixavam nos meus.

Saía. Dava por mim a contar as pedras da calçada e a olhar para relógio que julgava inerte. Ninguém me conseguia convencer que aqueles ponteiros efectivamente andavam... Colocava os meus auscultadores, o mp3 com a música que tanto gostávamos e brindava a minha mente com quimeras de desejo; imagens de amor, paixão e luxuria.

Misturado na multidão da cidade tropeçava frequentemente em sorrisos. O mesmo tipo de sorriso que me prendia a este mundo, era a minha panaceia e me fazia recordar da única mulher que, alguma vez, realmente amei. Aí perdia-me. Enredava-me em pensamentos tão loucos que fariam qualquer um ser internado por insanidade. Uma alienação mental que me levava para além da minha própria noção de amor, tornando-se naquela dor profunda, impossível de descrever, que nos corrói o espírito e nos apoquenta a alma. Sofria por tanto te amar e consumia-me em tentativas de interpretar todos e cada um dos teus gestos sempre que timidamente manifestava querer ter-te por companheira, mulher, amante.

As bordas de uma chávena de café substituiram por momentos os teus lábios. Quente, húmido... com aroma e sabor. Fechei os olhos e imaginei-te em toda a tua beleza; a alma que tanto admirava e o corpo que - qual deusa - me fazias ardentemente desejar...

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